AULA 1
Aula 1: Vida e Contexto Histórico de Nietzsche
Introdução
Nessa primeira aula, vamos explorar a vida de Friedrich Nietzsche, um dos filósofos mais influentes e controversos do século XIX. Vamos entender o contexto histórico da Alemanha nessa época, as influências que moldaram seu pensamento, e como sua saúde debilitada afetou o desenvolvimento de suas ideias filosóficas.
1. Nietzsche na Alemanha do século XIX
1.1. Contexto histórico da Alemanha no século XIX
A Alemanha no século XIX era marcada por mudanças políticas e sociais intensas. O país ainda estava fragmentado em pequenos estados, o que só foi resolvido com a unificação em 1871, sob a liderança da Prússia. Essa fragmentação influenciou a identidade alemã e refletiu nas tensões culturais e filosóficas da época.
A Revolução Industrial estava transformando a Europa, e a Alemanha se tornava uma potência industrial e militar. Nietzsche viveu em um tempo de grande otimismo científico e de fortalecimento da crença no progresso humano. No entanto, ele se destacou por ser crítico tanto da modernidade quanto das tradições religiosas e morais da sociedade alemã.
1.2. Nietzsche: infância e educação
Friedrich Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844, em Röcken, um pequeno vilarejo na Prússia. Filho de um pastor luterano, sua infância foi marcada por uma forte influência religiosa. No entanto, a morte precoce de seu pai quando Nietzsche tinha cinco anos de idade afetou profundamente sua visão de mundo e suas crenças.
Ele mostrou-se muito talentoso nos estudos, especialmente em filosofia e filologia, e em 1869, com apenas 24 anos, tornou-se professor na Universidade de Basel, na Suíça. Sua carreira acadêmica, no entanto, seria interrompida anos mais tarde por uma série de problemas de saúde.
2. As influências filosóficas de Nietzsche
2.1. Schopenhauer
Arthur Schopenhauer foi uma das maiores influências de Nietzsche, especialmente em sua juventude. Schopenhauer defendia uma visão pessimista da vida, acreditando que o mundo era governado pela "vontade" — uma força irracional e insaciável, que gera dor e sofrimento. Para Schopenhauer, a existência humana era essencialmente trágica.
Nietzsche inicialmente compartilhou do pessimismo de Schopenhauer, mas com o tempo desenvolveu uma postura diferente. Ele rejeitou a resignação schopenhaueriana e, ao invés disso, adotou uma filosofia que valorizava o enfrentamento da dor e do sofrimento como parte essencial da vida. Daí surgiu sua ideia do "amor fati", ou "amor ao destino", que envolve a aceitação e afirmação da vida em todas as suas dimensões.
2.2. Richard Wagner
Nietzsche também foi profundamente influenciado pelo compositor Richard Wagner. Eles desenvolveram uma amizade próxima no início da carreira de Nietzsche, compartilhando um entusiasmo pelo renascimento cultural da Alemanha através da arte e da música. Wagner foi visto por Nietzsche como um gênio criador, alguém que poderia revitalizar a cultura alemã e europeia com sua música e suas ideias.
Contudo, com o tempo, Nietzsche se afastou de Wagner, tanto pessoalmente quanto filosoficamente. Ele passou a criticar o que via como o nacionalismo e o cristianismo oculto na obra de Wagner, culminando na ruptura total de sua amizade. Esse rompimento marcou um ponto de virada no pensamento de Nietzsche, levando-o a buscar uma nova forma de filosofia, livre dessas influências.
3. Crise de saúde e o desenvolvimento de suas ideias
3.1. Problemas de saúde
A partir da década de 1870, Nietzsche começou a sofrer com problemas de saúde debilitantes, incluindo enxaquecas severas, problemas de visão e fadiga extrema. Esses problemas o forçaram a se afastar de sua carreira acadêmica em 1879. Passou grande parte de sua vida adulta viajando pela Europa, buscando climas que melhorassem sua condição física, o que o levou a uma vida de isolamento.
Embora sua saúde física fosse frágil, esses anos de isolamento resultaram em uma produção filosófica intensa e inovadora. Nietzsche escreveu suas obras mais importantes durante esse período, incluindo "Assim Falou Zaratustra", "Além do Bem e do Mal", e "A Genealogia da Moral".
3.2. Desenvolvimento de suas ideias
Durante essa fase, Nietzsche desenvolveu conceitos que viriam a influenciar profundamente a filosofia ocidental, como o "Übermensch" (super-homem), a "vontade de poder", e a ideia do "eterno retorno". Ele também foi um crítico feroz do cristianismo, que via como uma religião de ressentimento e negação da vida. Sua filosofia defendia a superação dos valores tradicionais e a criação de novos valores, que celebrassem a vitalidade e a criatividade humanas.
A sua saúde mental também começou a deteriorar na década de 1880, e em 1889 Nietzsche sofreu um colapso nervoso, sendo internado em uma clínica psiquiátrica. Passou os últimos anos de sua vida em estado de demência, vindo a falecer em 1900.
Conclusão
Nesta aula, vimos como o contexto histórico da Alemanha do século XIX, as influências de Schopenhauer e Wagner, e a crise de saúde de Nietzsche moldaram o desenvolvimento de sua filosofia. Ele desafiou as crenças tradicionais e lançou as bases para muitas correntes filosóficas e culturais que surgiriam no século XX.
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